sábado, 19 de abril de 2008

Ela é fiscal e restritiva (Parte II)

A Política Expansiva funciona da seguinte forma: se o governo reduz o valor dos impostos, nós vamos consumir mais. A partir do momento que ele diminui os tributos é mais dinheiro circulando e isso estimula o consumo das famílias e das empresas. Como resultado desse crescimento tem-se a elevação no PIB. Se esse estímulo for equilibrado não haverá problema nenhum. O ruim é quando há um consumo exagerado ocasionando a inflação de consumo, pois, não há produto suficiente para atender a demanda. Já na Política Fiscal Restritiva o crescimento econômico é restringido, ou melhor, o governo aumenta os impostos e ajusta o consumo. Quando há o aumento desses tributos e a redução dos gastos públicos, as famílias passam a consumir menos. Consequentemente o PIB cai e a inflação também. Esse artifício de desacelerar o crescimento é conhecido, também, como Política Fiscal Contracionista.

Você já deve ter lido ou ouvido falar que a produção interna do nosso país mantém-se em alta e o preço do dólar em baixa. Como o PIB se dá entre a relação direta do mercado interno com o externo, ou melhor, ele resulta da soma do que foi consumido pelas famílias, pelas empresas, pelo governo e pelo o que foi exportado, menos o que foi importado, é possível dizer que o nosso produto interno está em ascensão devido ao consumo das famílias e ele se mantêm graças às exportações que o Brasil realiza. O fato do preço do dólar estar baixo diminui os ajustes inflacionários no país, é a chamada blindagem. Mas não vamos entrar neste contexto, por enquanto. Esse consumo das famílias acontece em função dos prazos de financiamentos a perder de vista, e isso vai estimular o crescimento da economia. Não existe dinheiro “vivo”, “nossa economia vive de créditos”. O atual governo tem uma meta de inflação para 4,5%. Se este percentual subir o consumo começa a ser arrochado e a paranóia de inercial já começa rondar a economia brasileira. Mesmo com as afirmações de alta no PIB é preciso muito cuidado com esses valores, para saber se esse aumento é válido, precisamos fazer comparações com o histórico de crescimento do país e o com o restante dos outros países no mundo. E volto a lembrar, crescimento não significa desenvolvimento.

Então, porque o Brasil adota a política restritiva? Por que controlar a inflação sabendo que a economia desaquece? Na verdade, o governo aumenta os impostos para ter sobra de dinheiro em caixa para pagar um juro, conhecido como taxa selic. Com certeza, você já cansou de ouvir falar dela. Pois é, o governo adota a política fiscal restritiva para pagar a dívida pública interna do país, taxa selic. Para você ter uma idéia de como esses juros são tão estratosféricos, por mês, giram acima dos R$ 5 bilhões. Dessa forma, as receitas geradas não são suficientes para pagar a taxa. Mesmo que no mês de janeiro o dinheiro nos cofres públicos tenha ultrapassado os R$ 5 bilhões, vai faltar muita grana para cobrir o rombo causado pelos juros que serão taxados no próximo mês. Por exemplo, se em um mês o país registrar uma diferença de R$ 6 bilhões, mas se os juros estiverem na ordem dos R$ 9 bilhões, o país ficará com um saldo negativo de R$ 3 bilhões, juros estes, que serão acumulados para o mês seguinte. Para você compreender melhor essas contas do governo entenda o seguinte: Quando se fala em resultado primário fiscal, os economistas querem dizer sobre os balanços positivos ou negativos calculados entre as receitas totais e os gastos totais do governo, não considerando os juros. Dessa forma, se as receitas superarem os gastos públicos, ou seja, se sobrar dinheiro no caixa tem-se um superávit primário. Agora se não sobrar nada, tem-se um déficit primário ou fiscal. Portanto, quando os juros da dívida interna entram nessa conta, chama-se de resultado nominal o balanço entre as receitas e despesas. Assim, se a receita for maior que todas as despesas e investimentos, incluindo juros, têm-se um superávit nominal. Se for menor, tem-se um déficit nominal.

Dessa maneira, a gente entende que para o país chegar a um equilíbrio macroenconômico desejado é preciso primeiro controlar a taxa selic e a dívida interna. Mas para pagar, esta última, o Governo teria de diminuir os juros e continuar com a política restritiva para depois adotar a política expansiva. Na semana que vem vamos entender como e por que essa taxa surgiu. E vamos compreender que não adianta ter aumento nos impostos, é preciso saber gerenciar a taxa selic para o país crescer. Vamos entender que a corrupção no Brasil incomoda a economia, mas não atrapalha. Aguardem. Até a próxima.

Um comentário:

claudia disse...

Gostei muito da explicação, bem resumida, tirou bem a minha duvida obrigado. Claudia