sábado, 19 de abril de 2008

E a Monetária? (Parte II)

...Para entender melhor basta apenas você dar uma olhada na diferença de juros que são pagos no cartão de crédito, no financiamento e no leasing. Já reparou como os juros do cartão são exorbitantes? Por que isso? É porque os bancos não tem nenhuma garantia que você vai pagá-lo sobre o que você gastou no cartão. Diferente do que acontece com o financiamento, quando há um planejamento do que será gasto e mesmo assim, os planos podem não dá certo e ter como conseqüência a inadimplência. Agora, os juros do leasing são menor, por que o bem que voê compra não vai estar em seu nome enquanto você não quitar a dívida. Assim, se por um motivo ou outro você não pagar, o banco pode vender o bem que você adquiriu. É uma garantia maior que o banco tem. Por isso, que tem muita gente que compra carro por esse esquema e depois fica sem.

Agora, você lembra da Política Fiscal Restritiva, que o governo aumenta os impostos para controlar o consumo das famílias e, conseqüentemente o PIB e a inflação? A Política Monetária, também, funciona com esse objetivo de controlar o PIB e a inflação. Quando o governo retira muito dinheiro dos bancos para pagar a dívida interna, o resultado disso é, como ficará pouco caixa, os juros para as famílias vão subir. Daí há uma diminuição no consumo, por fim uma queda no PIB e na inflação. A esta atitude de desacelerar o crescimento, damos o nome de Política Monetária Restritiva. Já na Política Monetária Expansiva, aconteceria o inverso. A quantidade de dinheiro a ser retirada seria menor. Assim, sobra grana nos caixas, aumenta a oferta e a procura. Juros baixos, aumento do consumo. Cresce a economia.

Nos últimos anos, os juros da dívida interna deram uma baixa. Mas mesmo com a queda da taxa não significa que os juros estão baixos para nós. O governo ainda continua com a política monetária restritiva. O que nos faz comprar e até ter um crescimento econômico, são os financiamentos a perder de vista. Eu ou você, vamos assumir uma responsabilidade que cabe no nosso bolso. O medo que assombra o governo é que o mercado não dê conta de atender a demanda de consumo. É preciso primeiro tentar preparar a economia para atender a demanda e não ocasionar a inflação. Por isso algumas medidas paliativas para tentar solucionar essa insegurança, como o PAC. Entretanto, isso é algo que deve ser feito em longo prazo e não como medida provisória.

Voltando a falar na taxa selic (Como ela surgiu? Por quê?), ela é definida a cada 40 dias por um órgão do Banco Central, conhecido como Copom (Comitê de Política Monetária). Selic, quer dizer, Sistema Especial de Liquidação e Custódia de títulos. É uma rede computadores ligando os bancos ao Banco Central para negociação dos cheques pré-datados. A partir das variações no IPC-A os integrantes desse órgão definem o valor da taxa. Essa negociação é interna com os bancos e só depois ela é divulgada na mídia. Quando não existe uma tendência de alta ou baixa da taxa, dependendo de uma nova reunião para defini-la, o anúncio será dado como “selic com viés neutro”. Agora se existir uma tendência de baixa antes dos próximos 40 dias, será divulgado “selic com viés de baixa”. E se houver uma tendência de alta, divulga-se “selic com viés de alta”. Tanto o viés de baixa quanto o de alta, não tem sido pronunciados para evitarem qualquer tipo de expectativa no mercado. Até porque, viés de alta significa dizer que o IPC-A subiu e isso não é bom.

Entretanto, por mais que o valor em caixa pague os juros da taxa durante um mês, ele não será suficiente para cobrir o próximo empréstimo que o governo fará, ou que já fez. Até por que o governo não está preocupado em diminuir esses juros, com medo do aumento do consumo resultar numa inflação.

No entanto, esse dinheiro que o banco empresta para o governo vem das classes mais altas, funcionando com um fundo de investimento. O que é investido tem retorno com o valor dos juros corrigidos conforme a taxa selic. Quando citei que os bancos multiplicam o dinheiro, quero dizer, que quando você aplicar uma quantia na poupança, terá em troca o reajuste no valor conforme a inflação que houver. Todavia, o governo pega dinheiro dos bancos que pega dinheiro da classe alta. Quanto mais elevada for a taxa selic, mais dinheiro ele vai pegar e menos dinheiro vai sobrar. Resultado: se você for rico, ficará mais rico, porque a grana que você injetou no fundo de investimento terá o retorno reajustado de acordo com os juros da dívida interna. Agora se você for pobre, ficará mais pobre, não por causa dos juros altos, mais por causa da elevação nos impostos para pagar a dívida. Você se endivida com os bancos, paga um preço alto e permanece sempre sem grana. Porque o que você recebe será para pagar os juros da sua dívida. Isso significa dizer que quanto maior for a taxa selic maior será a concentração de renda. Porque, quanto mais dinheiro o governo retirar para pagar a dívida interna maior será o retorno para as classes altas e menor será o das classes baixas.

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