sábado, 19 de abril de 2008

E a Monetária? (Parte I)

No último artigo vimos como acontece o equilíbrio do crescimento econômico do país. Entendemos a relação do governo com os agentes e mercados que fazem circular o dinheiro na economia e o que ele faz para controlar a inflação.

Vimos que o objetivo da política fiscal é controlar o PIB e a inflação. E que para isso o governo vai utilizar como instrumento de controle, os tributos e os gastos públicos. Pudemos compreender que quando acontece um aumento do consumo de produtos para aquecer a economia, fruto da manipulação de impostos e gastos públicos, a política fiscal será chamada de expansiva. E, quando há um desaquecimento ou um controle desse consumo, a política fiscal será restritiva.

Também foi possível perceber que a nossa economia vive de créditos. Não tem dinheiro vivo circulando por aí. Os R$ 1.000,00 que você depositou serão repassados como empréstimo para outras pessoas. Desses mil reais, o banco tira 10% para suprir os eventuais saques que você faz. Daí, os R$ 900,00, restantes, serão repassados para outra pessoa e assim suscessivamente. Ninguém tem dinheiro em mão, só créditos. Por isso que se você quiser retirar uma quantia maior, os bancos pedem um prazo para juntar a grana. É quando ele pega dinheiro das outras pessoas, igual quando pegou do seu para emprestar para alguém. E não tem perigo deles quebrarem, por que ninguém resolve pegar dinheiro no mesmo dia.

Além disso, constatamos o medo do governo em relação a inflação, taxando uma meta de 4,5%. Sabendo que, se este percentual subir o consumo começa a ser arrochado e a paranóia de inflação inercial já começa rondar a economia brasileira. Entendemos, também, que o governo adota a política fiscal restritiva, aumentando os impostos, por exemplo, para ter dinheiro em caixa para pagar juros altíssimos, conhecidos como taxa Selic. A taxa Selic é a dívida pública interna do país. Vimos como esses juros causam um rombo na nossa economia, que mesmo tendo um superávit primário fiscal, ou seja, receitas superarem os gastos públicos. Se subtraem os juros da dívida interna, o valor será negativo, tem-se aí um déficit nominal.

Hoje vamos entender um pouco mais sobre a taxa selic. O que ela tanto apronta com a nossa economia. Como ela afeta o nosso bolso e porque ela é tão presente nas políticas econômicas do Brasil.

A taxa Selic é o percentual de juros básicos da economia definido pelo governo. É, também, o instrumento utilizado pela Política Monetária. Vamos entender melhor?

A Política Monetária é um artifício utilizado pelo governo para controlar indiretamente o dinheiro disponível nos bancos. Estes trabalham com uma mercadoria chamada dinheiro, e o preço desse produto é o juro, que é o que pagamos quando efetuamos alguma compra no banco. O governo não pode mexer no dinheiro dos bancos. Imagine se ele ditasse quanto cada banco poderia ter? Não dá. Mas como ele não pode fazer isso, ele age injetando ou tirando grana dos caixas bancários. Como assim?

Os bancos negociam o dinheiro, constantemente, porque se a grana não pode ficar parada. Se ela ficar guardada será desvalorizada por causa da inflação. Os bancos não fabricam dinheiro, apenas multiplicam os créditos com o dinheiro que é depositado por nós. Sabe quando a gente vai à feira, a lei da oferta e da procura? Pois é, se tem muita laranja o preço cai e se tem pouca o preço sobe. Ou então, assim como eu faço, vou mais para o fim da feira e como os produtores já querem ir embora, sempre encontro bons alimentos por um preço bem mais em conta. É mais ou menos assim. Se tiver dinheiro sobrando nos bancos, o preço (juros) despenca. Agora se tem pouca grana, vamos pagar um preço alto. É isso que acontece. Mas, por que pagamos juros tão altos?

Sabe aquele medo recessivo da inflação? Então, o governo pega dinheiro emprestado dos bancos e paga a taxa selic. Quando ele faz isso, não sobra quase nada para a gente e aí pagamos caro quando queremos um trocado para quitar ou comprar alguma coisa. Lembra do IPC-A, Índice de Preços ao Consumidor Amplo? Se ele ameaça subir, o governo amarra o consumo e pesa no crédito dos bancos em relação às famílias. Como o governo não pode tabelar o dinheiro, ele tira mais dinheiro dos bancos e deixa um pouquinho pra gente. E entre emprestar dinheiro para o governo e para nós, quem você acha que os bancos vão preferir? O governo, é claro. Por que o risco dele quebrar é quase nulo. Além disso, ele dá como garantia de empréstimo os títulos públicos, cheques pré-datados emitidos pelo Banco Central, o banco do governo. O Banco Central é quem regula e fiscaliza o sistema financeiro do país. O medo da inflação faz com que o governo pague juros altíssimos para não deixar nada pra gente...

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