sábado, 19 de abril de 2008

É Lula lá, outra vez?

Que a Constituição Brasileira é quase sempre burlada por parlamentares, já estamos cansados de saber. Agora querer mudar as leis de um país para um terceiro mandato consecutivo do presidente Luis Inácio Lula da Silva torna-se uma ameaça à democracia. Se o próprio presidente afirma que a alternância de poder é saudável para evitar o autoritarismo de um governante, por que, então, adaptar a constituição conforme a conveniência de quem estiver no poder?

A idéia do terceiro mandato de Lula está sendo reforçada por políticos bem próximos ao presidente. O deputado petista Devanir Ribeiro, por exemplo, salienta apresentar uma emenda à Constituição. Ele pretende criar novas regras para todos os cargos eletivos brasileiros com um mandato de cinco anos. Nesse caso, o mandato presidencial seria prorrogado até 2011 e, ao término, Lula poderia se candidatar mais uma vez.

Dependendo de quem estiver no poder, cinco anos de mandato sem reeleição podem ser uma boa alternativa, mas alguns parlamentares estão receosos que tal medida provoque interpretações continuístas. Os petistas querem, inclusive, propor a realização de um plebiscito para saber a opinião do povo brasileiro. Sabemos que a história é permeada por arranjos eleitorais e que nessas transações os eleitores são os últimos a serem consultados.

A continuidade do poder representa autoritarismo e lembra uma ditadura. Essas manobras políticas ferem o mínimo de respeito que o cidadão brasileiro deve ter. Se a democracia nasceu para romper com o absolutismo, por que mudar as regras para um continuísmo no poder? Depois que Fernando Henrique Cardoso lançou moda, propondo a criação do instituto da reeleição, a corte petista está em voga com a idéia de um mandato quase perpétuo. Se a proposta será aprovada ou não, não se sabe. Mas será que a implementação de cargos vitalícios sugerem uma nova tendência chamada “demonarquia”?

Overdose do sono

Dia desses comecei a estudar crônica e para entender melhor, fui buscar inspiração nos textos do José Marques de Melo. Passei uma vassoura em alguns registros já publicados. Confesso que o Arnaldo Jabor foi quem mais me chamou atenção, pela sua ironia e perspicácia em descrever fatos e deixar o leitor contagiado pela leitura do início ao fim. Mas isso eu conto outro dia.

Contudo, eu compreendi que a crônica é um momento de reflexão, uma espécie de respiro para quem escreve. Não me lembro de ter escrito alguma. Sempre gostei de escrever, mas não sabia identificar o que estava escrevendo. Ah, eu soube, também, que a crônica é um texto híbrido e não existe uma preocupação em relatar a realidade. Ih, realidade é um assunto complexo. Outro dia a gente discute isso, porque vou precisar voltar nas minhas aulas com o professor Cláudio Rabelo para relembrar e explicar melhor o assunto. Hoje não, é a minha primeira vez. Preciso ter muito cuidado. O Caê Guimarães nos disse que o que importa é que as pessoas reflitam sobre alguma coisa que foi grafada no papel. Agora, se você vai refletir sobre isso ou não, já é outra história.

Então, eu estava aqui matutando e ouvindo umas canções que remetem a uma overdose letárgica, (quero dizer que estou caindo de sono) depois de um dia inteiro de obrigações acadêmicas, profissionais e domésticas: sobre o que vou escrever? Aí, ele me veio na memória. Pensei, seria legal eu compartilhar com você o meu desejo intenso por quem todas as noites me tem em seus braços. Você deve estar pensando: “Nossa que coisa mais caliente!” Nada disso. Ele é meu companheiro há um bom tempo. Sempre fiel, já rodou comigo por vários lugares onde morei e sempre está comigo na alegria e na tristeza. É uma gracinha! Muito fofo! Quando estou com algum problema é com ele que eu desabafo. Ele sabe ouvir e seca todas as minhas lágrimas. Ele é tão bom. E gostoso também, tá! Não precisa ficar com inveja, você também deve ter um. Talvez, ainda, não tenha se dado conta dele. Entretanto, já aviso que não divido o meu com ninguém. Essa conquista demorou um tempo para ser concretizada. Não sei quantas estações vai durar, mas enquanto existir quero descansar em seus braços como se fosse uma princesa.

Como em toda relação, existe algo que pode atrapalhar ou que pode proporcionar conforto e segurança. Eu não tenho nada que reclamar dela, pelo contrário, tenho que agradecer por nos deixar em paz. Nem sei se ela sente ciúme. Também não me interessa saber. Não faço questão. Até porque, eu só posso contar com ela em um único lugar. Agora ele não, para onde eu for ele pode ir comigo. O toque suave e a leveza com que ele alisa o meu rosto me encantam. Sua atenção traz harmonia. E quando estou com ele a minha recompensa é o meu precioso descanso. Imagine você, o que seria de mim sem ele, o meu travesseiro? E o que seria de nós dois, se não fosse a minha cama?

Mostra folclórica marca o encontro das culturas capixabas

Misture um pouco de povo capixaba com folclore e acrescente uma pitada de energia e descontração, o resultado dessa mistura é um verdadeiro Balaio Cultural. O Balaio, mostra de folclore capixaba, realizada no Museu da Vale, em Vila Velha, no último sábado (12), apresentou as principais manifestações culturais do Espírito Santo. As tradições do Ticumbi, do Congo, da Folia de Reis, das danças alemãs, italianas, portuguesas entre outras, representaram parte da história do Estado.

Segundo a secretária estadual de Cultura, Dayse Lemos, o balaio é uma grande confraternização entre os grupos e uma oportunidade para se conhecerem. “São grupos que vieram de todas as regiões do Estado. Esse evento mostra a riqueza das manifestações folclóricas para que as pessoas conheçam a cultura capixaba”, afirmou. Entre as apresentações, destaque para o congo, uma das mais importantes manifestações da cultura popular do Espírito Santo que ocorre principalmente em comemorações religiosas.

E dentre esse variado patrimônio imaterial está Dona Astrogilda Ribeiro dos Santos, 75 anos. Ela é mestre e rainha da Banda de Congo São Benedito da Vila de Riacho, em Aracruz, e há 57 anos participa do ritmo típico das regiões litorâneas. Para ela, a tradição do congo deve ser passada de geração para geração. “O congo não pode morrer. É uma honra para mim vir aqui apresentar um pouco da minha cultura. Não posso deixar de passar essa alegria para os outros. A energia é tão forte que me considero uma menina de 15 anos”, comentou.

A continuidade da tradição das danças italianas está garantida com os jovens da cidade de Castelo, que participam da companhia “Radici Città Di Torino”, que quer dizer “raízes da cidade de Turin”, na Itália. No mundo só existem três grupos de dança: a sede, na cidade de Turin, em Buenos Aires e no Brasil. Os adolescentes, que já se apresentaram em terras italianas, dizem que participar da companhia é uma oportunidade de conhecer o passado de suas famílias. Para Raphael da Silva, 20, essas apresentações, com trajes típicos do século XVIII, são uma oportunidade de mostrar os costumes de seus antepassados. “Nossas danças contam um pouco da história dos italianos. Participar de encontros como esse é valioso porque conhecemos outras culturas”, acrescentou Silva.

E a Monetária? (Parte II)

...Para entender melhor basta apenas você dar uma olhada na diferença de juros que são pagos no cartão de crédito, no financiamento e no leasing. Já reparou como os juros do cartão são exorbitantes? Por que isso? É porque os bancos não tem nenhuma garantia que você vai pagá-lo sobre o que você gastou no cartão. Diferente do que acontece com o financiamento, quando há um planejamento do que será gasto e mesmo assim, os planos podem não dá certo e ter como conseqüência a inadimplência. Agora, os juros do leasing são menor, por que o bem que voê compra não vai estar em seu nome enquanto você não quitar a dívida. Assim, se por um motivo ou outro você não pagar, o banco pode vender o bem que você adquiriu. É uma garantia maior que o banco tem. Por isso, que tem muita gente que compra carro por esse esquema e depois fica sem.

Agora, você lembra da Política Fiscal Restritiva, que o governo aumenta os impostos para controlar o consumo das famílias e, conseqüentemente o PIB e a inflação? A Política Monetária, também, funciona com esse objetivo de controlar o PIB e a inflação. Quando o governo retira muito dinheiro dos bancos para pagar a dívida interna, o resultado disso é, como ficará pouco caixa, os juros para as famílias vão subir. Daí há uma diminuição no consumo, por fim uma queda no PIB e na inflação. A esta atitude de desacelerar o crescimento, damos o nome de Política Monetária Restritiva. Já na Política Monetária Expansiva, aconteceria o inverso. A quantidade de dinheiro a ser retirada seria menor. Assim, sobra grana nos caixas, aumenta a oferta e a procura. Juros baixos, aumento do consumo. Cresce a economia.

Nos últimos anos, os juros da dívida interna deram uma baixa. Mas mesmo com a queda da taxa não significa que os juros estão baixos para nós. O governo ainda continua com a política monetária restritiva. O que nos faz comprar e até ter um crescimento econômico, são os financiamentos a perder de vista. Eu ou você, vamos assumir uma responsabilidade que cabe no nosso bolso. O medo que assombra o governo é que o mercado não dê conta de atender a demanda de consumo. É preciso primeiro tentar preparar a economia para atender a demanda e não ocasionar a inflação. Por isso algumas medidas paliativas para tentar solucionar essa insegurança, como o PAC. Entretanto, isso é algo que deve ser feito em longo prazo e não como medida provisória.

Voltando a falar na taxa selic (Como ela surgiu? Por quê?), ela é definida a cada 40 dias por um órgão do Banco Central, conhecido como Copom (Comitê de Política Monetária). Selic, quer dizer, Sistema Especial de Liquidação e Custódia de títulos. É uma rede computadores ligando os bancos ao Banco Central para negociação dos cheques pré-datados. A partir das variações no IPC-A os integrantes desse órgão definem o valor da taxa. Essa negociação é interna com os bancos e só depois ela é divulgada na mídia. Quando não existe uma tendência de alta ou baixa da taxa, dependendo de uma nova reunião para defini-la, o anúncio será dado como “selic com viés neutro”. Agora se existir uma tendência de baixa antes dos próximos 40 dias, será divulgado “selic com viés de baixa”. E se houver uma tendência de alta, divulga-se “selic com viés de alta”. Tanto o viés de baixa quanto o de alta, não tem sido pronunciados para evitarem qualquer tipo de expectativa no mercado. Até porque, viés de alta significa dizer que o IPC-A subiu e isso não é bom.

Entretanto, por mais que o valor em caixa pague os juros da taxa durante um mês, ele não será suficiente para cobrir o próximo empréstimo que o governo fará, ou que já fez. Até por que o governo não está preocupado em diminuir esses juros, com medo do aumento do consumo resultar numa inflação.

No entanto, esse dinheiro que o banco empresta para o governo vem das classes mais altas, funcionando com um fundo de investimento. O que é investido tem retorno com o valor dos juros corrigidos conforme a taxa selic. Quando citei que os bancos multiplicam o dinheiro, quero dizer, que quando você aplicar uma quantia na poupança, terá em troca o reajuste no valor conforme a inflação que houver. Todavia, o governo pega dinheiro dos bancos que pega dinheiro da classe alta. Quanto mais elevada for a taxa selic, mais dinheiro ele vai pegar e menos dinheiro vai sobrar. Resultado: se você for rico, ficará mais rico, porque a grana que você injetou no fundo de investimento terá o retorno reajustado de acordo com os juros da dívida interna. Agora se você for pobre, ficará mais pobre, não por causa dos juros altos, mais por causa da elevação nos impostos para pagar a dívida. Você se endivida com os bancos, paga um preço alto e permanece sempre sem grana. Porque o que você recebe será para pagar os juros da sua dívida. Isso significa dizer que quanto maior for a taxa selic maior será a concentração de renda. Porque, quanto mais dinheiro o governo retirar para pagar a dívida interna maior será o retorno para as classes altas e menor será o das classes baixas.

E a Monetária? (Parte I)

No último artigo vimos como acontece o equilíbrio do crescimento econômico do país. Entendemos a relação do governo com os agentes e mercados que fazem circular o dinheiro na economia e o que ele faz para controlar a inflação.

Vimos que o objetivo da política fiscal é controlar o PIB e a inflação. E que para isso o governo vai utilizar como instrumento de controle, os tributos e os gastos públicos. Pudemos compreender que quando acontece um aumento do consumo de produtos para aquecer a economia, fruto da manipulação de impostos e gastos públicos, a política fiscal será chamada de expansiva. E, quando há um desaquecimento ou um controle desse consumo, a política fiscal será restritiva.

Também foi possível perceber que a nossa economia vive de créditos. Não tem dinheiro vivo circulando por aí. Os R$ 1.000,00 que você depositou serão repassados como empréstimo para outras pessoas. Desses mil reais, o banco tira 10% para suprir os eventuais saques que você faz. Daí, os R$ 900,00, restantes, serão repassados para outra pessoa e assim suscessivamente. Ninguém tem dinheiro em mão, só créditos. Por isso que se você quiser retirar uma quantia maior, os bancos pedem um prazo para juntar a grana. É quando ele pega dinheiro das outras pessoas, igual quando pegou do seu para emprestar para alguém. E não tem perigo deles quebrarem, por que ninguém resolve pegar dinheiro no mesmo dia.

Além disso, constatamos o medo do governo em relação a inflação, taxando uma meta de 4,5%. Sabendo que, se este percentual subir o consumo começa a ser arrochado e a paranóia de inflação inercial já começa rondar a economia brasileira. Entendemos, também, que o governo adota a política fiscal restritiva, aumentando os impostos, por exemplo, para ter dinheiro em caixa para pagar juros altíssimos, conhecidos como taxa Selic. A taxa Selic é a dívida pública interna do país. Vimos como esses juros causam um rombo na nossa economia, que mesmo tendo um superávit primário fiscal, ou seja, receitas superarem os gastos públicos. Se subtraem os juros da dívida interna, o valor será negativo, tem-se aí um déficit nominal.

Hoje vamos entender um pouco mais sobre a taxa selic. O que ela tanto apronta com a nossa economia. Como ela afeta o nosso bolso e porque ela é tão presente nas políticas econômicas do Brasil.

A taxa Selic é o percentual de juros básicos da economia definido pelo governo. É, também, o instrumento utilizado pela Política Monetária. Vamos entender melhor?

A Política Monetária é um artifício utilizado pelo governo para controlar indiretamente o dinheiro disponível nos bancos. Estes trabalham com uma mercadoria chamada dinheiro, e o preço desse produto é o juro, que é o que pagamos quando efetuamos alguma compra no banco. O governo não pode mexer no dinheiro dos bancos. Imagine se ele ditasse quanto cada banco poderia ter? Não dá. Mas como ele não pode fazer isso, ele age injetando ou tirando grana dos caixas bancários. Como assim?

Os bancos negociam o dinheiro, constantemente, porque se a grana não pode ficar parada. Se ela ficar guardada será desvalorizada por causa da inflação. Os bancos não fabricam dinheiro, apenas multiplicam os créditos com o dinheiro que é depositado por nós. Sabe quando a gente vai à feira, a lei da oferta e da procura? Pois é, se tem muita laranja o preço cai e se tem pouca o preço sobe. Ou então, assim como eu faço, vou mais para o fim da feira e como os produtores já querem ir embora, sempre encontro bons alimentos por um preço bem mais em conta. É mais ou menos assim. Se tiver dinheiro sobrando nos bancos, o preço (juros) despenca. Agora se tem pouca grana, vamos pagar um preço alto. É isso que acontece. Mas, por que pagamos juros tão altos?

Sabe aquele medo recessivo da inflação? Então, o governo pega dinheiro emprestado dos bancos e paga a taxa selic. Quando ele faz isso, não sobra quase nada para a gente e aí pagamos caro quando queremos um trocado para quitar ou comprar alguma coisa. Lembra do IPC-A, Índice de Preços ao Consumidor Amplo? Se ele ameaça subir, o governo amarra o consumo e pesa no crédito dos bancos em relação às famílias. Como o governo não pode tabelar o dinheiro, ele tira mais dinheiro dos bancos e deixa um pouquinho pra gente. E entre emprestar dinheiro para o governo e para nós, quem você acha que os bancos vão preferir? O governo, é claro. Por que o risco dele quebrar é quase nulo. Além disso, ele dá como garantia de empréstimo os títulos públicos, cheques pré-datados emitidos pelo Banco Central, o banco do governo. O Banco Central é quem regula e fiscaliza o sistema financeiro do país. O medo da inflação faz com que o governo pague juros altíssimos para não deixar nada pra gente...

Imprudência ou brutalidade?

(crônica jornalística em 06/04/08)

No ano passado, o Brasil inteiro ficou comovido com o fim brutal do menino João Hélio, que foi arrastado pelas ruas enquanto delinqüentes roubavam o carro de sua mãe. Agora, outro fato ganhou repercussão no país: a morte de uma menina de cinco anos. Isabella Nardoni foi jogada pela janela do apartamento do próprio pai. O crime ainda é um mistério, mas o pai e a madrasta foram presos como suspeitos.

Imprudência? Covardia? Fatalidade? Ou barbaridade? O que será a causa de tantos assassinatos de crianças no país. Será que vamos ter de sempre esperar o laudo da perícia médica para chegar a uma conclusão? O pai é o culpado? A madrasta? O vizinho? O ladrão? Quem?

Antes, acreditava que as crianças eram bem-vindas ao reino dos céus. Será que isso mudou? Se bem que Herodes já proibia as criancinhas em seu reinado. Vai entender. Eu pensava que os gurizinhos traziam perseverança ao mundo. Algo que poderia ser protegido por um Ser superior.

Mas, não é bem isso que estamos vivenciando. Dados divulgados pelo Sistema de Informações sobre Mortalidade mostram que em seis anos foram registrados 5.049 homicídios de meninos e meninas com idades até 14 anos. As mortes podem acontecer por sufocamento, facadas, estrangulamentos. Tudo isso, dentro de casa.

Se não temos mais segurança nem com os próprios pais, com quem mais deveremos ter? Uma vez entrevistei um senhor e ele afirmou que, na Bíblia, há uma passagem (não sei onde) que diz: “bem aventuradas serão aquelas mulheres que não tiverem filhos”. Não sou mãe, mas posso afirmar que, para se ter um filho, é preciso muita dedicação e preparo emocional. Bom, isso é o que mais dizem os especialistas.

E aí eu continuo a perguntar, de quem é culpa dessa perversidade que assombra o mundo? Será que vamos chegar ao ponto de achar que é normal assassinar seres que ainda nem sabem o que fazem por aqui? Até quando vamos fingir ter paciência e esperar a cura desse mal que nos atormenta a todo instante. Ou será que já nos oficializamos como uma nação de assassinos?

Ela é fiscal e restritiva (Parte II)

A Política Expansiva funciona da seguinte forma: se o governo reduz o valor dos impostos, nós vamos consumir mais. A partir do momento que ele diminui os tributos é mais dinheiro circulando e isso estimula o consumo das famílias e das empresas. Como resultado desse crescimento tem-se a elevação no PIB. Se esse estímulo for equilibrado não haverá problema nenhum. O ruim é quando há um consumo exagerado ocasionando a inflação de consumo, pois, não há produto suficiente para atender a demanda. Já na Política Fiscal Restritiva o crescimento econômico é restringido, ou melhor, o governo aumenta os impostos e ajusta o consumo. Quando há o aumento desses tributos e a redução dos gastos públicos, as famílias passam a consumir menos. Consequentemente o PIB cai e a inflação também. Esse artifício de desacelerar o crescimento é conhecido, também, como Política Fiscal Contracionista.

Você já deve ter lido ou ouvido falar que a produção interna do nosso país mantém-se em alta e o preço do dólar em baixa. Como o PIB se dá entre a relação direta do mercado interno com o externo, ou melhor, ele resulta da soma do que foi consumido pelas famílias, pelas empresas, pelo governo e pelo o que foi exportado, menos o que foi importado, é possível dizer que o nosso produto interno está em ascensão devido ao consumo das famílias e ele se mantêm graças às exportações que o Brasil realiza. O fato do preço do dólar estar baixo diminui os ajustes inflacionários no país, é a chamada blindagem. Mas não vamos entrar neste contexto, por enquanto. Esse consumo das famílias acontece em função dos prazos de financiamentos a perder de vista, e isso vai estimular o crescimento da economia. Não existe dinheiro “vivo”, “nossa economia vive de créditos”. O atual governo tem uma meta de inflação para 4,5%. Se este percentual subir o consumo começa a ser arrochado e a paranóia de inercial já começa rondar a economia brasileira. Mesmo com as afirmações de alta no PIB é preciso muito cuidado com esses valores, para saber se esse aumento é válido, precisamos fazer comparações com o histórico de crescimento do país e o com o restante dos outros países no mundo. E volto a lembrar, crescimento não significa desenvolvimento.

Então, porque o Brasil adota a política restritiva? Por que controlar a inflação sabendo que a economia desaquece? Na verdade, o governo aumenta os impostos para ter sobra de dinheiro em caixa para pagar um juro, conhecido como taxa selic. Com certeza, você já cansou de ouvir falar dela. Pois é, o governo adota a política fiscal restritiva para pagar a dívida pública interna do país, taxa selic. Para você ter uma idéia de como esses juros são tão estratosféricos, por mês, giram acima dos R$ 5 bilhões. Dessa forma, as receitas geradas não são suficientes para pagar a taxa. Mesmo que no mês de janeiro o dinheiro nos cofres públicos tenha ultrapassado os R$ 5 bilhões, vai faltar muita grana para cobrir o rombo causado pelos juros que serão taxados no próximo mês. Por exemplo, se em um mês o país registrar uma diferença de R$ 6 bilhões, mas se os juros estiverem na ordem dos R$ 9 bilhões, o país ficará com um saldo negativo de R$ 3 bilhões, juros estes, que serão acumulados para o mês seguinte. Para você compreender melhor essas contas do governo entenda o seguinte: Quando se fala em resultado primário fiscal, os economistas querem dizer sobre os balanços positivos ou negativos calculados entre as receitas totais e os gastos totais do governo, não considerando os juros. Dessa forma, se as receitas superarem os gastos públicos, ou seja, se sobrar dinheiro no caixa tem-se um superávit primário. Agora se não sobrar nada, tem-se um déficit primário ou fiscal. Portanto, quando os juros da dívida interna entram nessa conta, chama-se de resultado nominal o balanço entre as receitas e despesas. Assim, se a receita for maior que todas as despesas e investimentos, incluindo juros, têm-se um superávit nominal. Se for menor, tem-se um déficit nominal.

Dessa maneira, a gente entende que para o país chegar a um equilíbrio macroenconômico desejado é preciso primeiro controlar a taxa selic e a dívida interna. Mas para pagar, esta última, o Governo teria de diminuir os juros e continuar com a política restritiva para depois adotar a política expansiva. Na semana que vem vamos entender como e por que essa taxa surgiu. E vamos compreender que não adianta ter aumento nos impostos, é preciso saber gerenciar a taxa selic para o país crescer. Vamos entender que a corrupção no Brasil incomoda a economia, mas não atrapalha. Aguardem. Até a próxima.

Ela é fiscal e restritiva (Parte I)

Na semana passada, vimos que a elevação generalizada nos preços é chamada de inflação. Pudemos compreender a preocupação do governo em monitorá-la por meio de uma média de lista de preços de produtos consumidos, os chamados índices de preço de consumo. Vimos também os tipos desse aumento generalizado: inflação de consumo, quando há demanda em excesso na compra de produtos; de lucro, quando os preços dos bens essenciais, como água e petróleo, são controlados por setores monopolizados com o valor que bem quiserem; de custos, quando componentes primordiais nas empresas como matéria-prima, dólar ou outros sofrem algum aumento, isso será repassado aos preços finais para o consumidor. Além desses, vimos que, há ainda o choque de oferta, que pode ser ocasionado por uma queda brusca na produção por causa de uma guerra ou por problemas climáticos, e aí, a falta desses produtos acarretará na alta nos preços. E por último, a inflação inercial, a mais temida pelo governo. Funciona como a lei de Newton, quando os preços sofrem uma alta generalizada por um impulso inicial que pode ser, por exemplo, inflação de custo, isso acarreta uma correção contínua nos preços por meio de uma indexação nos salários. Daí aquela bola de neve, subiu ontem, sobe hoje também.

Já sabemos que o índice que funciona como referência para reajuste de nossos salários é o Índice de Preços ao Consumidor Amplo, o IPC-A. Ele é calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia de Estatística (IBGE), para o todo o Brasil, através da média salarial de famílias com renda de um a 40 salários mínimos. Vimos também que o Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M) é o indicador de toda a economia brasileira e serve de referência para o reajuste de contratos como energia e telefone etc. E não podemos esquecer que o primeiro referente a captar as variações do dólar é o Índice de Preços no Atacado (IPA). Contudo, já sabemos diferenciar que a aceleração refere-se ao aumento rápido da inflação e que desaceleração, refere-se a elevação dos preços, mas em ritmo lento. E que a deflação é a variação negativa dos preços, ou seja, a queda no valor das mercadorias.

Aprendemos que o Produto Interno Bruto (PIB) refere-se a riqueza produzida por uma economia em determinado período de tempo e é calculado a partir da soma do que foi consumido pelas famílias, pelas empresas, pelo governo e pelo que foi exportado, subtraindo daí o que foi consumido no exterior. Por último, aprendemos que crescimento econômico (PIB) não significa desenvolvimento. Por que para haver desenvolvimento é necessário uma melhor expectativa de vida, distribuição de renda e educação entre todos os habitantes de uma nação, ou seja, melhor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH).

Mas economia não é só isso.

Hoje vamos conhecer como acontece o equilíbrio desse crescimento econômico. Vamos entender a relação do governo com os agentes e mercados que fazem circular o dinheiro na economia e o que ele faz para controlar a inflação.
Esse controle é feito através das chamadas políticas macroeconômicas, ou seja, as decisões que o Governo tomar afetam a todos nós. São três: Política Fiscal, Política Monetária e Política Cambial. Cada uma dessas utiliza-se de questões básicas para controlar a economia: tributos, gastos públicos, taxa selic e dólar. Hoje nós vamos estudar a Política Fiscal.

O objetivo dessa política é controlar o PIB e a inflação. Para isso o governo vai utilizar, como instrumento de controle, os tributos e os gastos públicos. Os tributos são a soma dos impostos, taxas e contribuições recolhidos pelos órgãos públicos, ou seja, todo dinheiro arrecado das famílias e empresas na economia capitalista. Os gastos públicos são as despesas com saúde, educação, segurança, máquina administrativa e investimentos em infra-estrutura, como pontes, estradas, ferrovias, energias entre outros. Podemos citar como exemplo de gastos públicos, o Programa de Aceleração da Economia (PAC) lançado pelo Governo Federal que prevê melhorias estruturais nos estados e municípios brasileiros. É possível observar que qualquer alteração nos valores desses instrumentos afeta diretamente a economia. Assim quando houver um aumento do consumo de produtos para aquecer a economia a política fiscal será chamada de expansiva. É bom lembrar que, esse aumento de bens consumidos é fruto da manipulação de impostos e gastos públicos. E, quando houver um desaquecimento ou um controle desse consumo, a política fiscal será restritiva...

Você não sai de lá sem tomar, no mínimo, um copo de suco

A correria do cotidiano, às vezes nos impede de ouvirmos encantadoras histórias de exemplo de luta e perseverança, como a de Zulmira Keffer

__ A casa é simples, mas fique à vontade.

A simplicidade que eu vi estava nas pequenas atitudes, como servir um delicioso suco de maracujá numa garrafa de refrigerante. Durante as minhas três visitas à casa de Dona Zulmira sempre fui servida com guloseimas e variados sucos. E em nenhuma das vezes, eu puder ir embora sem antes sentar-me à mesa e fazer um lanche. Quando eu dizia que já estava na hora de partir, ela me retrucava:

__ Nada minha filha, está cedo ainda. Senta aí, vamos tomar um café!

Para uma mera estudante de jornalismo, a responsabilidade de fazer uma reportagem-perfil de uma pessoa anônima tornou-se uma experiência enriquecedora. Foi no bairro Joana D’Arc que pude conhecer uma senhora tímida e ressabiada, mas, com um intenso brilho nos olhos e um jeitinho faceiro que conquista qualquer um. De origem humilde, aos 53 anos, Zulmira Conceição Keffer ainda preserva valores culturais lá do interior.

Para quem vive no corre-corre diário da rotina casa – faculdade – trabalho, poder sentar-se à companhia de uma senhora, numa varanda, para prosear é um momento fantástico e envolvente. Bate uma saudade da mãe, do pai, da avó, do avô e de todas aquelas pessoas com quem você esteve durante os tempos em que era criança e não sabia o quanto sentiria falta quando adulto. É bem verdade que, talvez, eu afirme isso para quem é do interior e que não mora há anos com os pais, como no meu caso, por exemplo.

Contudo, as conversas na varanda, na sala, no quintal ou em qualquer lugar da casa de Dona Zumira foram saboreadas por mim e inevitavelmente presenciadas por algum membro ou agregado da família, por vizinhos e por conhecidos. Cada um teve um pouco a descrever sobre a minha protagonista. Sem contar o papo com o marido dela, que se transformou em aulas de história, política e antropologia. Um senhor sério e culto, dotado de uma sutileza esplêndida.

Quando você visita uma pessoa mais de uma vez, tem uma sensação de estar mais a vontade, de sentir-se em casa. Em minhas andanças pelo bairro e durante os diálogos com meus entrevistados, percebi que todos ficavam bem mais à vontade quando eu abria mão do meu bloquinho de anotações. A partir daí, pude apreender e pude assimilar toda a ambientação de nossa prosa. Algumas frases tornaram-se corriqueiras, como: “Tá ficando famosa, hein, Dona Zulmira!”. Lembro-me de que quando conversei com ela, por telefone, sobre a possível entrevista, ela me respondeu: “Oh minha filha, veja lá o que você vai perguntar.”

Em um fim de tarde de sexta-feira, tive o privilégio de passar algumas horas acompanhada dela, do marido e do filho William, 28, o caçula. Foi durante esse papo que conheci um pouco da família Keffer. Segredos foram revelados com uma boa dose de emoção. Dona Zulmira conta que aos 13 anos veio de Colatina para morar na Capital. De origem humilde, enquanto criança trabalhou como empregada doméstica para ajudar seus pais. Aos 18 anos casou-se com Laurentino Keffer, e se passaram mais de 35 anos de convivência. Ciumenta, apesar do tempo juntos, ainda fica irritada com o temperamento calmo do marido. O amor entre os dois emana como se fosse uma recente paixão e ela diz que foi pedida em casamento pelo “Seu” Keffer quando estava de casório marcado com outra pessoa. “Eu namorava com o outro, mas vivia pensando no Laurentino”, conta, mergulhada em boas risadas, dotada de uma leve timidez, escondendo o rosto com as mãos enrugados pelo tempo. Os pombinhos moravam em Joana D’Arc. Quando casaram continuaram no mesmo bairro. Com a chegada dos três filhos, Margarete, Wellington e William, o espaço onde moravam ficou pequeno e o marido resolveu então, comprar um lugar maior. Foi aí que Keffer, num belo dia, convidou Dona Zulmira para mostrar o lote do futuro lar.

“ Meu marido comprou água, e eu pensando que era terra. Quando ele jogou aquela pedra na água e disse, “meu bem, nosso terreno é aquele lá”, eu quis matá-lo, briguei com ele e fiquei três dias sem falar com ele. Eu pensava que ia morrer e não ia conseguir aterrar aquilo tudo”, lembra.

É, Dona Zulmira não teve razão quanto ao tempo do aterro e acabou colocando a mão na massa para ajudar a terrificar o trecho até a construção de sua casa. O enchimento tem cerca de seis metros de profundidade para uma distância de quase 100 metros de soterramento. Quem passa pelo local, hoje, não imagina que aquilo era, antes, um grande manguezal. E assim, é possível observar que a história da família dessa mulher é parte integrante da construção do bairro onde residem.

Alta nos preços (Parte II)

...Existem várias maneiras de monitorá-la. Uma dessas formas é fazer a média de uma lista de preços de produtos consumidos através da comparação entre um mês e outro, ou seja, uma média do comportamento dos preços na economia, esses cálculos são chamados de índices. Estes são conhecidos por siglas que você já deve ter ouvido ou lido por aí. O IPC-A (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) mede a variação de preços entre o produto que você compra no mercado e que você consome. Esse cálculo, feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) serve de referência para o governo reajustar o valor dos salários mínimos. Já os donos de supermercados (varejo) compram o produto direto da indústria (atacado) e a média de preços entre esses dois setores é conhecido com IPA (Índice de Preços no Atacado). Mas existe um referente ao cálculo de todos os preços no mercado, ou seja, toda economia, que é o IGP-M (Índice Geral de Preços de Mercado). A partir desse indicador você obterá o aumento na conta de energia, no aluguel, no telefone entre outros. Como ele é a média de toda economia, ele é calculado a partir de uma média ponderada entre três indicadores de preços: o IPA (Índice de Preços no Atacado), o IPC (Índice de Preços ao Consumidor) e o INCC (Índice Nacional da Construção Civil). Este último é ligado aos valores do mercado imobiliário, mede-se pelo Custo Unitário Básico (CUB) de cada região, ou seja o pedaço de terra para construção de casas, comércio e indústria entre outros.

O cálculo funciona assim: 60% de IPA, 30% de IPC e 10% INCC. A média é feita a partir desse percentual de cada lista de produtos consumidos conforme os tipos índices e o resultado é a soma desses valores. Por exemplo, se em um mês o IPA teve uma variação de 10%, esse número aplicado em 60% teremos 6%, da mesma forma se o IPC teve uma diferença de 10% teremos um percentual de 3% e se o mesmo acontece com o INCC e aplicado em 10% haverá uma variação de 1%. Então, 6% + 3% + 1% = 10%. A soma desses percentuais será o IGP-M. Esse cálculo é feito pela Fundação Getúlio Vargas e esse resultado serve de referência para o reajuste de contratos como já citados acima.

De vez em quando, a gente lê ou ouve algum jornalista ou economista falar em aceleração, desaceleração e deflação. São termos comuns no meio econômico, mas é preciso muito cuidado para não confundi-los. Aceleração refere-se ao aumento rápido da inflação. Desaceleração, quer dizer que os preços continuam subindo, mas em ritmo baixo. E a deflação é variação negativa dos preços, a queda no valor das mercadorias.

Outra sigla muito usada é o PIB (Produto Interno Bruto), quando o citarem querem se referir a riqueza produzida por uma economia em determinado período de tempo, geralmente um ano, ou melhor, todo o dinheiro que foi gasto pelo país. O PIB é calculado a partir da soma do que foi consumido pelas famílias, pelas empresas, pelo governo e pelo o que foi exportado. Dessa soma subtrai o que foi importado, quer dizer, o que foi consumido no exterior. O resultado disso é o crescimento econômico.

Mas o PIB não mostra como essa riqueza gerada é distribuída para a população.
Essa distribuição é chamada de IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), e é mensurada pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). Este programa calcula o IDH com base entre a expectativa de vida do país, a escolaridade e o renda per capta (média de salário) de cada habitante. Com esse índice é possível dizer que no Brasil, apesar de ter uma das economias mais forte do mundo, esses valores não são bem distribuídos ficando concentrado na mão de poucos, o que gera uma grande desigualdade social.

Alta nos preços (Parte I)

Se você é daqueles que ao ler o caderno de economia não entende nadica de nada sobre o assunto, calma, você não é o único. A partir desta semana e até o final deste semestre nós vamos produzir uma série de artigos para que você possa entender um pouco mais desses inúmeros termos tão usados pelos economistas. Para começar vamos falar de inflação.

Entende-se por inflação a elevação generalizada nos preços. Por exemplo, todos os meses quando vamos ao supermercado sentimos um ligeiro acréscimo nos preços dos alimentos. É possível perceber esse aumento nas mensalidades escolares, nos medicamentos, no vestuário, na conta de energia, no valor do combustível, no aluguel e entre outras coisas que consumimos. Esse aumento pode ser gerado por vários motivos: o excesso ou a falta de chuva prejudica as plantações, consequentemente, a colheita. Sendo assim, os produtos vendidos na feira e nos hortigranjeiros ficam com o custo maior pra gente pagar. Isso acontece porque produtor precisa pagar as despesas com a produção desses produtos. Talvez fique melhor de entendermos da seguinte maneira: se um agricultor plantou 100 pés de tomate e só colheu 50, ele vai precisar compensar essa perda no preço dos tomates colhidos. Ao elevar o valor do tomate, consequentemente, haverá um aumento desse alimento nos supermercados e nos restaurantes, tem-se então, o choque de oferta.

Uma outra forma de ter inflação é através do aumento de consumo de certos produtos e serviços. Imagine que uma fábrica tenha a capacidade de produzir 100 celulares, mas existem 200 pessoas querendo comprar. Nesse caso, se a fábrica não tem como produzir estes outros 100 aparelhos ela vai encarecer o valor destes produtos. Dessa forma, se quisermos comprar tais telefones teremos que pagar mais caro e aí teremos a inflação.

Há um outro tipo de alta generalizada nos preços, conhecida como inflação de custo, ela acontece quando só uma empresa presta um serviço na sua cidade, como a distribuição de energia, aqui no Estado temos a Escelsa. Essa exclusividade é conhecida pelo termo monopólio. Assim, pelo fato de somente esta companhia distribuir a luz elétrica ela vai estipular o preço que quiser para você pagar, é uma decisão dela, não existe concorrência. Mas isso não acontece só na energia não. Quaisquer bens essenciais como água e petróleo são setores monopolizados e você paga o que estas empresas resolverem taxar.

Falando nisso, você já parou para pensar que quando o petróleo sofre alguma alta no preço, tudo no mercado sobe? O combustível vem do petróleo e a maioria dos produtos no Brasil é transportada por caminhões. E com o aumento da gasolina os empresários vão repassar essa alta nos produtos que serão por nós consumidos. É bom lembrar que o petróleo é base energética mundial. Para você ter uma idéia a indústria e a construção civil dependem desse precioso bem.

Sabe aquela peça de carro que você teve que comprar e que veio lá de fora? Então, a moeda que movimenta esse produto aqui dentro do país, para entrar ou sair, é o dólar. E quando ela sofre um aumento ou queda faz com que os preços subam ou caiam. Se subir, você terá que pagar mais caro e aí você já sabe o que vai acontecer, né? Isso mesmo, ela a inflação.

Se buscarmos na história, durante meados dos anos 1980 você ou o seu pai devem se lembrar que o Brasil sofreu muito com a inflação. Foi uma época em que os preços subiam todos os dias. Tudo subia. E para o trabalhador conseguir pagar o que consumia, o empregador tinha que pagar um salário maior, ou seja, o mínimo mais a porcentagem da inflação que havia sido durante o mês. Por exemplo, se hoje o mínimo é de R$ 415 e se a inflação tivesse sido de 30%, o assalariado receberia R$ 539,50. Sendo que, para o contratante pagar este valor ele tinha que aumentar o preço de seus produtos mais uma vez. Esse ciclo tornava-se como uma bola de neve, se os custos subiram ontem subiriam hoje também.

Você deve estar se perguntando: Por que a inflação é ruim? Quem é que ganha com ela? Ninguém ganha, só perde. Para você ter uma idéia, quando o governo vai receber os impostos que todos nós pagamos, os valores não serão os mesmos que foram cobrados antes. Os tributos que costumam serem pagos em prestações terão sofrido queda conforme a inflação. Nas empresas as vendas caem porque as pessoas terão menos poder de compra. Assim, o governo precisa controlar a inflação, caso contrário, o país vira um caos...

Falar de MPB é com ele mesmo

Em seu futuro trabalho José Roberto Santos Neves vai radiografar o movimento musical contemporâneo capixaba

Apaixonado por música e com uma vasta experiência no meio cultural, ele esbanja simpatia e humildade quando o assunto é a Música Popular Brasileira, a MPB. Editor do Caderno Dois do Jornal A Gazeta, José Roberto Santos Neves é um jornalista que já entrevistou artistas de renome nacional e internacional. Com 12 anos de carreira já lançou uma biografia da cantora Maysa e um livro com as principais entrevistas realizadas com nomes consagrados da MPB para o Caderno Dois conseguidas enquanto repórter do diário.

Na coletiva concedida aos alunos do 5º período de jornalismo da Faesa, no último dia 4, ele contou um pouco sobre sua trajetória, suas paixões e os seus planos para o projeto de escrever uma radiografia sobre o movimento musical contemporâneo do Espírito Santo. Além disso, o crítico musical e escritor censurou a ausência do contexto social e a falta de poesia no repertório dos grupos capixabas.

Formado em Jornalismo pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), em 1996, Santos Neves diz que a paixão pela comunicação e pela música vem de berço. “Cresci em um ambiente literário, com meu pai, avô, tios e irmãos envolvidos com a cultura e com a música”.

Ele lembra que começou a atuar na área como estagiário do jornal A Gazeta. No decorrer do estágio desenvolveu sua carreira por meio de seu projeto de graduação, o Fanzine, uma página voltada para o público jovem, que foi aprovada pela direção do jornal, na época, e que circula até hoje às quartas-feiras no periódico. Mais tarde, Santos Neves se tornaria editor do caderno de cultura de A Gazeta.

Sempre ligado ao mundo musical, o jornalista foi baterista de bandas de rock e blues, chegando a gravar um CD, em 2006, com a banda Big Bat Blues Band. E pelo seu conhecimento no meio artístico, Roberto foi convidado por Antônio de Pádua Gurgel, escritor e coordenador da coleção biográfica “Grandes Nomes do Espírito Santo”, para escrever a biografia da cantora Maysa. “A proposta veio em função da minha experiência com o ambiente musical. Buscamos algo inédito ao biografar a vida dessa musa da música brasileira. E biografia é uma grande reportagem, tem que se pesquisar bastante. O resultado é um trabalho gratificante”, ressalta.

Quando perguntado sobre a produção musical no estado e no país, Santos Neves critica a ausência do contexto nas letras das canções produzidas por grupos locais. O jornalista diz sentir falta de grupos politizados aqui no Estado, diferentemente do que acontece com grupos pernambucanos, como o Nação Zumbi. “Nesses grupos, existe uma riqueza lírica que passa por metáforas, aliterações de palavras e paródias. Isso tem muito no tropicalismo nas letras de Caetano e Gil. Aqui no Espírito Santo, existe uma limitação poética, o que acho preocupante. São letras que podem ir adiante, não só no sentido de protesto, estou falando da qualidade das letras de música e poesia. E, nisso, estamos deixando a desejar. Essa é uma das críticas que eu costumava fazer e que deixava os artistas irritados”, comenta.

Mesmo diante dessa carência literária contextual e poética, José Roberto observa a riqueza de estilos nas canções capixabas e conta sobre o seu desejo de produzir um livro sobre o movimento musical contemporâneo do Espírito Santo. “Quero fazer uma radiografia do movimento musical priorizando um gênero. É claro que não dá para abarcar tudo: samba, jazz, choro, rock, reggae e outros. Mas quero fazer um livro no formato ao estilo de Ruy Casto. Uma obra que conte a história da música do Estado, de maneira prazerosa, com os fatos engraçados e inusitados para mostrar que o Espírito Santo já fez história, e que ela precisa ser registrada. A tendência é pelo rock. Ainda não vai ser o samba, apesar de considerá-lo como símbolo da identidade do Brasil, será um trabalho que pretendo fazer mais adiante”, finaliza.
Olá,

Este blog pretende ser um espaço aberto para colocarmos em prática parte do conhecimento acadêmico adquirido em sala de aula. Proponho também, um lugar para discussões e análises sobre a comunicação social e seus meandros.

Fiquem à vontade.

Abraços,

Edsandra Carneiro