sábado, 27 de fevereiro de 2010

Você merece coisa melhor

  Provavelmente, em algum momento da vida, você já deve ter ouvido falar nesta célebre frase quiçá tenha reproduzido tal oração.

   Agora eu me pergunto: o que quer dizer merecer coisa melhor?

   Estou há algumas horas com essa pergunta na cabeça e como estou numa viagem de ônibus que tem a previsão mínima de 15 horas... Estava lendo uma dessas revistas da hi-society indicada, inclusive, por uma amiga muito fina, e pensava que se o mundo do glamour fizesse parte do meu cotidiano, com certeza, não chegaria ao meu destino com as nádegas quadradas... Bom, deixa isso pra lá, foi só um comentário.

   Nesta viagem vou buscar, num campo de batalha, sabedoria e conhecimento. Se sair viva de lá, ao menos minha patente profissional estará garantida por um bom tempo.

   Mas, voltando ao meu ocioso e precioso tempo, estava aqui matutando a quantidade de vezes que ouvi essa frase. É tão corriqueira, que já perdeu a graça. Aliás, eu mereço o quê, então?

   Mereço conhecer o mundo em suas particularidades, cada país, povo, nação, língua, cultura, etc.? Hum! Com certeza, isso eu quero merecer. Mereço o carro do ano, a casa dos sonhos, o sítio na região serrana, a cobertura de frente para o mar e tudo de material que o dinheiro puder comprar? Não, não mereço. Estarei contente se tiver um teto para dormir e um automóvel para andar. Até porque moradia fixa não faz o meu gênero.    

    Então, eu mereço aquele moreno, hetero, lindo, olhos verdes, corpo esbelto, alto, inteligente, ama música clássica e ainda gosta de mpb, pop e até rock. Adora viajar, dançar, vive nas nuvens, elegante, bem humorado, culto, sabe cozinhar e não quer ter filhos? Quem sabe aceite ser um bom e fiel companheiro, mas que respeite viver em casas separadas, cada um na sua.

   Não, acho que esse homem ainda não foi fabricado. Sinto muito em informar a mim mesma que esse ser não existe. Terei de conter a viver de uma ilude paixão platônica, quem sabe? Contudo, sonhar faz bem.

   Em se tratando de homens, o máximo que eu encontrei  foi um camarada com um humor questionável, mas de uma capacidade intelectual contagiante. É até provido de algumas características citadas acima. Não dava nada por ele, cheguei até achar que era gay. Mas não é que nesses últimos meses o cara tem me surpreendido e de vez em quando me pego sendo atraída por ele? Nessas horas a razão precisa falar mais alto e logo percebo que nada mais é que uma quantidade de hormônios em ebulição, dentro do meu corpo. Penso e ordeno: aquietem-se, sosseguem! Nem sempre eles obedecem, mas sei que isso passa. E outra, o sujeito demonstra ser possessivo, ciumento e ainda faz o tipo de cara pra casar. Aí já viu, né?! Prefiro não comentar.

   Mas daí alguém me dizer que mereço coisa melhor? Vem cá, e seu eu quisesse dar uns beijinhos nele, qual o problema? Não, porque tamanha perfeição acredito que não exista. Torra a paciência ouvir isso. Porque qualquer sujeito que aparece, logo alguém vem lhe dizer: “Nossa, você merece coisa melhor”.

   Já que é assim, vamos tentar escolher um que agrade... Mas agora eu tenho os meus poréns...

   Lembra do cavalheiro que pratica o esporte dos gentleman’s? Ih, não dá, ele tem o ego inflado demais. Ofusca qualquer mulher. Antes de descobrir tal defeito, cheguei a pensar em apresentá-lo para uma amiga (ele tinha uns sonhos que, definitivamente, não eram para mim). Mas não é que a bendita percebeu quem o danado era logo de primeira? É, a experiência dela falou mais alto.

   E aquele coroa bonitão que há 10 anos sempre lhe procura para dizer que ainda espera por você? Também não serve, ele já foi casado, tem um filho e quer casar de novo.

   Mas tem aquele carioca que é um legítimo cavalheiro e sempre diz que ainda é apaixonado por você... Ih, não dá. Ele mora em outro estado e quer casar...

   Xiii...

   Também tem aquele moreno dos olhos verdes da época da adolescência? Esse, nem pensar. É um tremendo cafajeste que vive rodando por vários países enganando diversas mulheres. E outra, ele também sonha encontrar alguém para um dia construir uma família...

   E aquele dos olhos azuis que sempre viaja com você? Ih, não sinto nenhum tesão por ele. É quase um irmão para mim.

   Tem, também, o seu ex... Ih, esquece. Ele é um ótimo marido e fanático por futebol. Cinco anos foram o bastante para saber que nascemos para sermos bons amigos.

   Mas tem beltrano, ciclano, fulano e por aí vai...

   Quer saber? Não existe homem perfeito e nem eu sou perfeita.

   Se você estiver com saco, pare e pense comigo. Será que merecer coisa melhor é a busca incessante pelo aperfeiçoamento da perfeição? Mas, venha cá, existe perfeição?

   Que mania é essa de buscar a felicidade plena em tudo? Vivemos uma busca obcecada por felicidade. Que paranóia é essa por manuais e livros de auto-ajuda? Deu-me a “nóia” de tanto me questionar: estou feliz? Fiz certo? Onde errei? Será que falei o que não devia? Estou sendo livre? Será que peguei pesado? E blá, blá e blá...

   E você, que perguntas faz a si mesmo?

  Está vendo? A gente fica o tempo todo atrás de respostas para tudo que fazemos e pensamos, principalmente, na vida a dois. Tenho a impressão de que a regra é: “você tem que estar bem e para isso você precisa de uma coisa melhor”.

   É aquela velha história de que o do outro é sempre melhor. Com você não deve ser diferente: você merece um emprego melhor, uma casa melhor, um carro melhor, um amigo, etc. etc. etc. E claro, um marido, amante, namorado, ah sei lá, qualquer coisa desse tipo... Mas que seja melhor.

   Dessa maneira, se o tempo inteiro precisamos de algo melhor, como vamos ficar?

   E afinal, o que é o melhor?

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Uma resenha... Edgar Morin?

MORIN, Edgar. As cegueiras do conhecimento: o erro e a ilusão. In:______. Os sete saberes necessários à educação do futuro. Tradução: Catarina E. F. da Silva e Jeanne Sawaya. 4.ed. São Paulo: Cortez, 2001. p. 19 – 46.

Em “As cegueiras do conhecimento: o erro e a ilusão” Morin destaca os erros e as ilusões no processo de transmissão das informações. Aborda os erros mentais, intelectuais e argumenta os erros da razão.  Enfatiza a racionalidade como uma forma, diga-se, mais “real”, ou melhor, mais próxima, contra o erro e a ilusão. E ainda faz a diferenciação com o termo racionalização.  Além disso, apresenta os paradigmas que controlam o conhecimento científico que podem ser ilusões, ou seja, as cegueiras paradigmáticas.

No capítulo seguinte, “Os princípios do conhecimento pertinente”, o autor mostra que o conhecimento dividido impede a percepção do todo, reforça o argumento com questões do mundo, da multidimensionalidade, do contexto e da complexidade do global. Além disso, busca estabelecer relações entre as partes e o todo, em atenção a identificação da origem dos erros e das ilusões, considerando as diferenças e os problemas sócio-culturais existentes.

O erro e a ilusão são, para Morin, os norteadores da educação do século XXI. Os vários modelos do conhecimento acabam por “cegar” o próprio conhecimento do que é ser humano. Para isso, argumenta a necessidade de introduzir na educação o estudo das características mentais e culturais dos conhecimentos humanos como preparo para enfrentar os riscos permanentes de erro e ilusão.

            Essa necessidade de promover o conhecimento existe para compreender problemas globais e assim inserir os conhecimentos parciais. Para ele, a divisão do conhecimento em disciplinas peca por não apresentar um aprendizado do contexto e toda sua complexidade.  Morin ainda argumenta a necessidade de ensinar métodos que permitem estabelecer as relações entre as partes e o todo.

Os temas apresentados por Morin promovem um debate sobre a política educacional para a educação contemporânea de modo a refletir para o futuro. Os desafios apresentados norteiam a importância da educação respeitando as particularidades de cada aspecto sócio-cultural que existe no mundo.

Todo o tipo de conhecimento de certa forma evolui com o decorrer dos anos e das experiências, mas é fato que ao mesmo tempo que prediz certezas também revela incertezas. Daí a necessidade de ensinar o aluno (leia-se o homem) a racionar, estimular a imaginação, desenvolver a criatividade e propor meios que o incentivem na busca pelo conhecimento. De modo que o prepare enquanto cidadão do mundo; que conheça o seu espaço e o do outro e, assim, participe e critique as ideologias da sociedade. É bom lembrar que, essa compreensão também diz respeito à ética e à civilidade.

O que Edgar Morin pretende é fazer com que repensemos os atuais modelos de educação e propõe o rompimento da oposição entre natureza e cultura. Propõe ainda o reaprendizado do que é a parte e o que é o todo, superando os paradoxos existentes e promovendo um desenvolvimento de forma sustentável. O reconhecimento do outro estimula o saber viver com o diverso.

Além das cegueiras do conhecimento: o erro e a ilusão e os princípios do conhecimento pertinente discutidas nos dois capítulos iniciais, Morin apresenta ainda, no restante do livro, outros cinco saberes indispensáveis para a educação do futuro: ensinar a condição humana; ensinar a identidade terrena; enfrentar as incertezas; ensinar a compreensão e a ética do gênero humano. É perceptível a preocupação do autor com os caminhos que permeiam o conhecimento. Essa postura pode estimular a promoção da educação do futuro de uma forma mais democrática.

Morin cria reflexões acerca da educação para o século XXI e faz uma revisão das práticas educacionais da atualidade, apresentando os desafios e as incertezas. De um jeito genial e simples, Morin expõe maneiras acessíveis a todos que se interessam por um futuro mais solidário marcado pela construção do saber, do conhecimento. Assim, reforça que a bagagem cultural está na leitura de mundo e no pensar sobre que ela pode proporcionar.  

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

O céu e o gigante


A lua estava cheia e iluminava toda a areia da praia. Mas decidiram subir para o apartamento, no terceiro andar, e se acomodaram em um macio sofá. A conversa seria longa. Afinal, iriam relembrar os tempos de cursinho, quando ele ia para a casa dela na desculpa de estudar. Contudo, perdiam a noção das horas entorpecidos de tanta conversa, principalmente, no que diz respeito a um homem e a uma mulher.

Fazia tempos que não se viam e as novidades eram muitas.

Tudo mudou quando se esbarraram em um encontro casual e ele traiçoeiramente anunciou que dessa vez estava só. Um dia, depois de ouvir a voz dele por telefone, ela sentiu uma mistura de adrenalina com uma profusão de calor percorrer todo o corpo. O que poderia ser? Pensou ela, que sempre o evitou.

Estava decidido que eram bons amigos de escola e nada mais além disso. A cada abraço, toque ou beijinhos no rosto ela se esquivava com medo de qualquer reação hormonal entre ambos. Ele sempre com pinta de pegador, mesmo namorando, não deixava passar uma mulher que se quer podia lhe seduzir. Nas palavras dele, “deu mole, já era”.

Quem poderia imaginar que depois de nove anos, e algumas investidas dele, era a vez de se quererem intensamente. Não precisou de lareira para acender, nem céu para se olhar. O papo corria de forma tão tranqüila que deixava os dois impacientes e loucos de vontade de concretizarem o que, agora, já estava mais que decidido.

Não era hora de ninguém se fazer de difícil, mas quem iria tomar a iniciativa? E a amizade? Paixão? Que nada. Bastou um toque e nos lábios todas as palavras nada puderam dizer, a não ser o calor daqueles dois corpos que se reagiam como se fossem uma equação química em ebulição. Diante dos olhos tudo estava vertiginoso.

Como explicar a troca de olhar que transbordava um sentimento de puro êxtase de um para o outro? O chão estremeceu, o céu e mar se uniram e as ondas transbordavam de prazer e alegria.

A mão atrevida agarrava os cachos da morena que estremecia com os beijos açoitados a cada apelo do rapaz. O que parecia sufocá-la era mais que necessário para se perder nos braços daquele gigante que atendia pelo diminutivo carinhoso que ela sempre o chamou. Não importava quem dominava ou quem era o dominado. Ela de pequenina fazia-o suspirar mais que um menino.

O que aconteceu está entre os dois. Sabe-se apenas que na grandeza daquele instante, a beleza de dois corpos atracados esperava alcançar as estrelas antes de o sol nascer. 


domingo, 21 de fevereiro de 2010

Trocando miúdos conselhos


Hoje, um amigo me contou que está apaixonado por uma amiga e me pediu alguns conselhos... Mas quem sou eu para dar conselhos? Agora, lembrei que um dia escrevi algumas coisas para alguém por quem fui apaixonada. Tentava esconder tal sentimento bancando ser  a melhor amiga dele ao ajudá-lo com outra pessoa... A única coisa que aviso: não faça isso, jamais!

O texto era para alguém especial, mas acho que vale para qualquer um de nós:

Primeiro você precisa aprender a se amar e a se valorizar. É preciso estar seguro de si mesmo. Aprenda a lidar com situações adversas do cotidiano e busque ter iniciativas. Não seja o estúpido da linha QI em baixa.

Descubra que sentimento é esse que você tem por ela e as razões para ficar com ela... E se prepare...

Por que o simples fato de amar ou gostar de alguém não lhe dá segurança nenhuma para o futuro. Projete sua vida como gostaria que fosse, mas não fantasie e muito menos crie expectativas (quando estamos apaixonado cometemos alguns atos insanos...)

Tem um poema que diz que amar vai além de nossas próprias expectativas, porque o coração tem uma lógica conveniente com regras incompreensíveis e traiçoeiras...

Há quem diga que a principal companheira do amor é a dor. Lembra do clássico Tristão e Isolda? “Amar significa sofrer e amar absolutamente significa morrer por amor...”

Dia desses lia a coluna do Calligaris (Folha de São Paulo) e ele comentava que amar é abrir mão de suas convicções, tomar novos rumos e se preciso for torna-se tolo ou ridículo...

Lembrei, então, de Fernando Pessoa que dizia: “todas as cartas de amor são ridículas. Não seriam cartas de amor se não fossem ridículas... Mas, afinal, só as criaturas que nunca escreveram cartas de amor é que são ridículas...”

Daí, parei para pensar, por mais que eu tenha me colocado à disposição para ajudá-lo (e vou ) não acredite em todos os meus conselhos... Já percorri longos caminhos, mas o meu percurso é diferente do seu... Querendo ou não, você precisa experimentar o gosto de uma alegria ou desilusão.

Essa é a nossa vida. E como eu sempre digo, aproveite bem o seu dia, não protele isso para depois, pode ser tarde demais... Evite acumular sentimentos no peito. Platão já dizia que o “amor é uma loucura que é dádiva divina, fonte das principais benções concedidas ao homem”. E ao mesmo tempo pondera: “fixar-se nesse primeiro degrau é permanecer parado, em comparação a tudo o que uma pessoa pode vir a ser”.

Então, viva e se prepare para os obstáculos do contemporâneo: paixão, ciúme, rotina, desgaste, alegrias, tristezas... Depois, tente me responder: ainda assim é possível um amor recíproco feliz?

Aventuras que inspiram


Acabo de ler um texto que me deixou boquiaberta. Uma amiga me “apresentou” “A grande aventura” da jornalista Eliane Brum e fiquei emocionada com o que li. Há tempos não leio algo tão simples e encantador. De início, ainda na linha fina, a frase “amar é mais arriscado que desbravar a natureza selvagem” causou-me uma perturbação.

A inspiração dela foi o filme “Up – Altas aventuras”, uma animação da Pixar, muito elogiada. É a história de um velhinho ranzinza que sai voando com a casa suspensa por balões para fugir da ida para um asilo...

A minha é... Bem, parei para pensar o que justifica a nossa vida. Você ama alguém? Já se aventurou alguma vez explorar o mundo em busca de algo que deseja intensamente?

São perguntas tão tolas, mas que se pararmos para pensar, só vamos nos dar conta disso quando chegarmos a velhice. É sério! Ou você nunca se pegou pensando na época boa que você era criança e que não soube dar valor? A gente tende a fantasiar, de maneira quase exagerada, a nossa infância. E aí a gente vai sempre querer fazer alguma expedição na vida que valha a pena. Mas a Eliane me alertou que “não há aventura maior – e mais arriscada – que a vida compartilhada com quem se ama”.

A gente só vai perceber o quanto uma pessoa é importante para nós quando a perdemos. Seja por qual for o motivo. Como costumamos ser covardes e desistimos antes mesmo de tentar conquistar o que queremos, pergunto: existe algum limite para olhar a vida com generosidade e querer compartilhar com alguém as alergias e tristezas do caminhar?

A jornalista diz que “não há vida que não tenha sua cota de desistências, perdas e covardias”. Sejamos pobres ou ricos, bonitos ou feios (claro que isso é muito relativo), somos semelhantes e  “nossas semelhanças são avassaladoras”. Quantas vezes não quisemos nos reconciliar com alguém e sequer tivemos coragem de ligar para dizer o que sentimos? Costumamos transformar nossos obstáculos em verdadeiros campos de batalha, digo: você com você mesmo. E quando estamos lutando, perdemos a graça de viver uma aventura que pode nos levar a inúmeras descobertas.

Daí, esperamos que venha alguém de fora e nos ajude a olhar a nossa própria vida. E a gente tenta fazer um esforço para se manter no presente, mas se prende nos guardados do coração. A gente começa a se lembrar de como o passado foi. Coisas boas ou ruins. Mas será que vale a pena apostar na caixa de memória? Eliane, diz que fez o exercício de se lembrar das “coisas mais chatas” e supostamente banais e me fez a pergunta: “Do que você se lembra, o que guardou por todos esses anos”? Eu repasso a você.

Sem dúvida lembro-me do amor dos meus pais por mim nas noites de páscoa e natal em que ficava caindo de sono a espera do coelhinho ou do papai Noel trazer os meus presentes, contudo antes das 22h acabava dormindo. Somente no outro dia ouvia os meus pais dizer: “Você não ouviu, ele passou por aqui e deixou esses presentes para você!”

Hoje, fantasio a casa dos meus pais, daquela época, e não suporto mais nenhuma dessas datas... Ainda não sei por quê... Talvez, porque eu não possa voltar no tempo e dar muito mais valor ao que já adorava, mas que sempre reclamava que queria algo mais... Eu sempre considerava os meus presentes os melhores que já tinha ganhado, mas queria mais. Todo ano a espera aumentava... mas daí você cresce e descobre que tudo não passou de uma simples ilusão de conto de fada. Decepção? O motivo cada um tem o seu.

Mas chega uma idade que você quer viver um outro conto de fadas. Aquele que você pode querer ouvir: “e viveram felizes para sempre”. Na certa você vai querer contemplar o mais belo amanhecer e entardecer do dia. Daí você vai desejar a casa mais bonita e mais iluminada. E vai querer ver somente as coisas boas da vida sem nenhuma inveja no olhar. Vai considerar que são as pessoas mais belas do mundo. Porque vivem felizes.

Mas quando se dar por si, descobre que essa pode ser a maior de todas as suas aventuras. “O amor é sempre território não desbravado”. A escolha por alguém, ou deixar que alguém nos escolha, pode parecer uma experiência arriscada. Até por que quando nos entregamos, e a pessoa passa a conhecer nossas limitações e capacidades, é um grande risco. E como afirma Eliane, “damos ao outro um grande poder, o poder de nos refletir”.

Parei para lembrar de quem um dia me amou intensamente. E como já deve ter acontecido com você, só foi se dar conta da importância dessa pessoa muito depois. Hoje, afirmo que, sem dúvida, vale a pena amar quem tem o poder de nos refletir no olhar. Aquelas pessoas que nos fazem se sentir melhor do que somos. Aquelas que vêem aquilo que podemos ser. Mesmo que enxerguem nossas imperfeições, mostram-nos que somos capazes de ir muito além. Porque o desejo contagia e nos torna capazes de acreditar que amar é maravilhoso.

Sou mulher e já tive um homem que me via como a mais bela do mundo. Além disso, todas as manhãs me acordava dizendo declarações de amor que nunca se repetiam, sempre se renovavam. Quando ele olhava nos meus olhos eu via tudo de bom e lindo. Não sei se você já teve esse presente. Mas eu tive, e por minha ganância individualista deixei-o ir em busca de alguém que o desse o valor que eu não podia dar. Sempre pensava que era demais para mim.

Hoje, vivo a espera desse olhar. Um amor generoso capaz de refletir a gratidão de ter alguém ao lado. Talvez você, assim como eu, espere reencontrar ou encontrar alguém “com a capacidade que só o amor generoso tem de nos tornar mais radicalmente o que somos”. Mesmo que a vida exija muito.

Ah, acredite, como diria Veríssimo, não existe pessoa certa. Afinal, também nunca entendi o conceito de “pessoa certa”. Sempre acreditei que quem me amar de verdade vai me fazer bem. Assim, como espero olhar esse outro e o torná-lo melhor.  

Não quero alguém parecido comigo. Quero alguém que me enxergue, me escute e me compreenda. Que tenha um olhar amoroso e generoso. Mesmo que não saiba, mas que quando eu olhe nos olhos dele eu consiga refletir o que posso construir de bom para nós.

Já cresci o bastante para saber que os contos de fada não existem como nos livros. Mas não preciso deixar de procurar alguém para amar só porque não acredito mais em coelhinho da páscoa ou papai Noel. Sei que príncipe encantado não vem ao meu encontro montado em um cavalo branco. Mas sei que posso tentar partir em busca de um olhar que contemple o mais pródigo afeto.

Quero me descobrir amada e compartilhar dessa generosidade. Não invejo a Eliane, mas também quero passar no supermercado e comprar todas as coisas boas que ele goste de comer. Com os olhos de amor ficarei satisfeita se ele estiver trabalhando na gravação de um programa de TV, assim como fez a repórter. É claro que como jornalista ficaria eternamente feliz se encontrasse alguém que pudesse ser, também, o meu parceiro de profissão. Pode ser o meu sonho, mas o que me importa mesmo é encontrar alguém que eu ame de verdade a ponto de ligar na madrugada só para dizer “eu te amo”. É isso mesmo, algo bem banal. Pode ser bobo, brega?

Sim, pode. Mas hoje, vou voltar para casa e o meu apartamento, que tem balões, não vai voar.

Voltei!!!


Nossa, faz mais de um ano que não passo por aqui.

Confesso que minha inspiração veio após assistir o filme Julie e Julia... É claro, que não sou a Julie com o seu blog sobre culinária. Mas já faz um bom tempo que ouço alguns amigos pedindo para que eu publique, na internet, os textos que costumo fazer e enviar por e-mail. E também, algumas fotos...

Bem, vou me disciplinar e tentar publicar ao menos uma vez por semana, um texto ou uma foto por aqui.

Se vão ler ou não, isso já é outra história. Mas é fato, que essas nobres amizades me convenceram a veicular o que costuma ser minha válvula de escape. Acredito que escrever é uma forma de extravasar nossos sentimentos. Sinto-me livre quando escrevo. Ainda sou um pouco tímida e às vezes guardo o que escrevi.

Bom, chega de lorotas e vamos ao que interessa.

Espero também contar com um leitor, nem que seja imaginário... rs E que ele possa dar sugestões e críticas...

Boa leitura.