sábado, 12 de julho de 2008

Quase uma derradeira amante

Ah, como ela é linda!

Há tempos estava de olho nela, mas sequer me olhava. Alguns amigos já diziam que ela dava bola para mim. Mas, eu não percebia por sofrer desse impiedoso complexo de inferioridade. Vá entender?

A bem da verdade era que eu não queria admitir que estivesse afim. Sabe essa história de não dar o braço a torcer? Mais ou menos isso.

Todos afirmavam que ela era a dona da vez.

Sempre quando ia ler um jornal, a primeira manchete que pulava a minha frente era a dela. O que eu podia fazer? Parecia que ela me perseguia. Estava presente na maior parte dos meus afazeres.

Difícil acreditar. Até por que ela é conhecida na mais alta classe intelectual. Bem vivida, madura, é detentora de um vocabulário majestoso. É temida por muitos e amada por tantos outros. O que iria querer comigo?

De personalidade abstrata deixa qualquer um envolto e perdido em suas formulações matemáticas, assim como me deixou. Ela é completamente racional, mas ao mesmo tempo, seu comportamento se altera a ponto de causar um rebuliço na cabeça de qualquer interessado.

Ela é antipática, não faz questão de ser simpática. É abusada e sabe do seu poder de sedução. É capaz de enlouquecer a cabeça de qualquer um.

Lembro-me que antes de conhecê-la, sabia de um camarada que poderia me apresentá-la, logo em breve. O problema era que a fama dele não era nada agradável: carrasco e mau caráter, quase um cafetão. Diziam-me que o preço para ficar com ela era muito caro. Só os bons eram aprovados por ele. A fama de mau era forte e aparentemente ele não faz questão de ser o contrário. Despreza tais comentários. Daí eu pensava: __ Como vou fazer para me aproximar do tal?

Já havia tentado conhecê-la de outras formas, mas as tentativas não foram bem sucedidas.

A vontade virou quase uma obsessão. Tive que esperar mais de seis meses para, então, compreender a dinâmica das decisões do tal camarada. Agentes internos intermediaram nosso encontro que passou a ser semanal. A cada dia ele tentava facilitar a linguagem dela para mim, de modo que eu pudesse compreendê-la para tentar conquistá-la.

Talvez, aquele moço não fosse tão cruel. Acredito que ele não queira deixá-la à mostra. Ela é fina, não é para qualquer medíocre pretensioso.

Nosso caso, paquera, namoro, sei lá o quê, já dura uns quatro meses. Queria assumi-la, ter algo mais sério. Afinal, é grande a paixão que sinto por ela. Mas, eventualmente estamos em crise. E paixão é algo passageiro. Não dá para levar adiante um relacionamento assim. Vamos dar um tempo. Não posso ser só dela, nem ela só minha.

Acredito que para entender e ficar com ela, a Economia, será preciso questionar quais serão minhas opções e expectativas de carreira. Ainda é cedo. Terei outros amores e ela outros amantes.

Prefiro pensar que terei o privilégio de reencontrá-la mais tarde. Enquanto isso, o sarcástico rapaz “algoz” irá apresentá-la a tantos outros que puderem brindá-la.

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