O sol nem bem saiu e lá estão eles prontos para levar seus barcos para o mar. “Vou trabalhar, meu bem querer. Se Deus quiser, quando eu voltar do mar, um peixe bom eu vou trazer”. Como conta a letra da música “Suíte do Pescador” de Dorival Caymmi, o cotidiano desses pescadores é assim.
São homens humildes com muitas histórias para contar. É do mar que eles tiram o sustento para suas famílias. É também do mar, que tiram lições de vida para serem repassadas a futuras gerações.
Marciano contou que sai para pescar, mas nunca sabe se vai voltar
Nascido e criado na região, Sebastião da Silva, 58 anos, 44 dedicados à pesca, contou que está na profissão por que não teve outra escolha, mas não se arrepende dela. “Não tive estudo. Pesco o mínimo para sobreviver. E assim vou levando até a morte chegar. Quero morrer aqui trabalhando no mar”, revelou.
Apesar de não ter tido outra oportunidade, Silva quer proporcionar um outro futuro para o filho de 12 anos. “Não quero o mesmo destino para o meu menino. Quero que ele estude e entre para a faculdade”, ressaltou.
As condições de trabalho são mínimas para os homens do mar. No barco de Marciano Marvila,
Marvila pesca desde os 14 anos e disse que é comum os pescadores usarem de algum tipo de droga para agüentar as péssimas condições de vida que têm em alto mar. “Ser pescador é acordar de madrugada, ir para o mar e não saber se vai voltar. Vivo da pesca. Sou casado, tenho dois filhos para criar. Só quem tem juízo guarda o pouco que ganha para viver bem”, assegurou.
Depois da pescaria, os homens do mar aproveitam para bater uma bolinha
Mesmo diante de todas as dificuldades, todos os pescadores que conversei compartilham do mesmo sentimento: amam a pesca e sabem que é dela que depende a sobrevivência deles. Uns, por um motivo ou outro, foram morar na cidade, outros nasceram e cresceram ali. Ao contarem suas histórias de vida, o linguajar e os trejeitos característicos desses homens envolvem e encantam os visitantes do local.
Para eles Marataízes é uma paixão, uma vida. A pesca é um meio de sobreviver. E como insistiu a catequista e zeladora da igreja Nossa Senhora da Penha, Desdediti Maria Vieira, 60, “a pérola pode perder a luz de um lado e pode até ganhar do outro. Mas, o seu brilho ninguém apaga”, destacou.
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