domingo, 13 de julho de 2008

O brilho da Pérola Sul está ofuscado - cont. GR Marataízes

Mesmo com a ação erosiva do mar, Marataízes ainda tenta sobreviver e ter de volta o brilho de cidade turística

Apesar de ter sido registrada há pouco mais de dez anos, ela não é mais uma menina. Já é uma velha senhora descuidada pelo tempo e sofrida pelo desmazelo de seus filhos. Tempos atrás era considerada como a “Pérola Sul Capixaba”, mas hoje luta para não perder esse posto tão disputado no litoral capixaba. Rodeada por belas praias, Marataízes batalha para ter de volta o brilho que lhe foi ofuscado.

A praia Central, a mais famosa do balneário, foi castigada com a ação erosiva do mar. O que se vê são pedaços de concretos espalhados pelo mínimo de areia que a todo instante é banhada pelas águas salgadas.

Para quem viu e curtiu aquele lugar há alguns anos sente um saudosismo ao ver que aquela escada de madeira que levava para a aquela barraca à beira-mar não existe mais, foi levada pelo senhor das águas. O que restou foram pedaços de cimento e brita que insistem em resistir e permanecer ali ao lado dos coqueiros.

Com a erosão, a areia sumiu e o que restou foram pedaços de concretos espalhados à beira-mar


Durante um final de semana, munida de uma câmara fotográfica, um caderninho de bolso e uma caneta, percorri alguns trechos dessa estância que me reservou surpresas e encantou-me com suas histórias, sua beleza natural e seus moradores.


A cidade. Marataízes é um balneário localizado na região sul do Espírito Santo, a 127 quilômetros distantes da capital do Estado, Vitória. O município foi emancipado de Itapemirim em 10 de janeiro de 1997. Hoje possui mais de 36 mil habitantes.

Parece pequena, mas são mais de 25 quilômetros de belas praias. Algumas são formadas por paredões rochosos ou cercadas com piscinas naturais. Saindo do centro indo em direção ao Rio de Janeiro, é possível encontrar um cenário paradisíaco.

A origem do nome da cidade é permeada por várias lendas, mas acredita-se a procedência da língua tupi-guarani que significa “água que corre para o mar”, devido as lagoas que vão ao encontro do mar.

As praias desertas são um convite para um bom descanso


Turismo. Logo cedo encontro com Jair Xavier Júnior, um rapaz nativo da região que sonha em um dia ter a praia de volta. “Marataízes não morreu, por aqui ainda há lindos lugares para serem registrados e desbravados. A praia central está em fase de recuperação, mas logo a teremos de volta e os turistas também”, disse Júnior.

Essa recuperação é um projeto do governo Estadual que prevê a construção de duas faixas de pedras mar à dentro, entre os dois quilômetros da praia central. Uma espécie de espigão, como é falada na região. A primeira fase já foi concluída. A extensão de pedras amontoadas em direção ao mar, ao lado da matriz de Nossa Senhora da Penha, chega a proporcionar uma bela vista do litoral.

Para o presidente da Associação Comercial de Marataízes, Abel Alaor Ferreira de Souza, apesar de não ter contabilizado em números e mesmo a associação estando inativa, o prejuízo causado com os destroços na praia central é um problema que convivem há alguns anos. “Os estabelecimentos que dependem do turismo na região sofrem com essa dificuldade desde 2003. Toda a cidade foi afetada, o turismo caiu e consequentemente tivemos baixas comerciais”, afirmou Souza.


"Talvez a pérola esteja um tanto ofuscada, mas em breve ela voltará a brilhar"


Progresso. O presidente da Associação acredita que esses problemas já estão sendo superados com as obras de recuperação da orla. “Nossa preocupação é o centro da cidade. Esses contratempos serão superados em breve e a cidade voltará a crescer. Com os espigões teremos a areia de volta. E o nosso turismo prosperará”, sonhou.

Ele afirmou ainda que, com a descoberta do petróleo o progresso chegará a cidade. Para Ferreira os royalties¹ são a expectativa de melhoria para o município. “Com a descoberta de petróleo no nosso litoral, os imóveis já começaram a valorizar e o serviço de veraneio será adaptado para atender as futuras demandas da região”, acrescentou.

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¹Link: Royalties são uma compensação financeira devida ao Estado pelas empresas concessionárias produtoras de petróleo e gás natural no território brasileiro e são distribuídos aos Estados, Municípios, ao Comando da Marinha, ao Ministério da Ciência e Tecnologia e ao Fundo Especial administrado pelo Ministério da Fazenda, que repassa aos estados e municípios de acordo com os critérios definidos em legislação específica. Fonte: www.anp.gov.br

Enquanto o progresso não vem, a cidade tem uma luta diária para manter o comércio em atividade. Os hotéis, mesmo com a falta de turistas, ainda continuam abertos. O que se vê ao caminhar pela cidade são pontos das mais diversas construções. Algumas estradas estão sendo calçadas e a população dos bairros cresce a cada dia.

Mesmo com o brilho ofuscado a cidade proporciona um amanhecer espetacular


Para uma cidade de veraneio litorâneo, o comerciante assegura que mesmo com a queda no comércio e o difícil momento que os hotéis vivem com a falta de turistas, o movimento aumenta no verão e o que ganham na temporada, tentam sobreviver durante o resto do ano. Para Souza, mesmo que a cidade não volte a ser como antes, ela ainda será referência de turismo no Estado . “Talvez a Pérola esteja um tanto ofuscada, mas em breve ela voltará a brilhar”, avaliou.

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