segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

O céu e o gigante


A lua estava cheia e iluminava toda a areia da praia. Mas decidiram subir para o apartamento, no terceiro andar, e se acomodaram em um macio sofá. A conversa seria longa. Afinal, iriam relembrar os tempos de cursinho, quando ele ia para a casa dela na desculpa de estudar. Contudo, perdiam a noção das horas entorpecidos de tanta conversa, principalmente, no que diz respeito a um homem e a uma mulher.

Fazia tempos que não se viam e as novidades eram muitas.

Tudo mudou quando se esbarraram em um encontro casual e ele traiçoeiramente anunciou que dessa vez estava só. Um dia, depois de ouvir a voz dele por telefone, ela sentiu uma mistura de adrenalina com uma profusão de calor percorrer todo o corpo. O que poderia ser? Pensou ela, que sempre o evitou.

Estava decidido que eram bons amigos de escola e nada mais além disso. A cada abraço, toque ou beijinhos no rosto ela se esquivava com medo de qualquer reação hormonal entre ambos. Ele sempre com pinta de pegador, mesmo namorando, não deixava passar uma mulher que se quer podia lhe seduzir. Nas palavras dele, “deu mole, já era”.

Quem poderia imaginar que depois de nove anos, e algumas investidas dele, era a vez de se quererem intensamente. Não precisou de lareira para acender, nem céu para se olhar. O papo corria de forma tão tranqüila que deixava os dois impacientes e loucos de vontade de concretizarem o que, agora, já estava mais que decidido.

Não era hora de ninguém se fazer de difícil, mas quem iria tomar a iniciativa? E a amizade? Paixão? Que nada. Bastou um toque e nos lábios todas as palavras nada puderam dizer, a não ser o calor daqueles dois corpos que se reagiam como se fossem uma equação química em ebulição. Diante dos olhos tudo estava vertiginoso.

Como explicar a troca de olhar que transbordava um sentimento de puro êxtase de um para o outro? O chão estremeceu, o céu e mar se uniram e as ondas transbordavam de prazer e alegria.

A mão atrevida agarrava os cachos da morena que estremecia com os beijos açoitados a cada apelo do rapaz. O que parecia sufocá-la era mais que necessário para se perder nos braços daquele gigante que atendia pelo diminutivo carinhoso que ela sempre o chamou. Não importava quem dominava ou quem era o dominado. Ela de pequenina fazia-o suspirar mais que um menino.

O que aconteceu está entre os dois. Sabe-se apenas que na grandeza daquele instante, a beleza de dois corpos atracados esperava alcançar as estrelas antes de o sol nascer. 


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