sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Uma resenha... Edgar Morin?

MORIN, Edgar. As cegueiras do conhecimento: o erro e a ilusão. In:______. Os sete saberes necessários à educação do futuro. Tradução: Catarina E. F. da Silva e Jeanne Sawaya. 4.ed. São Paulo: Cortez, 2001. p. 19 – 46.

Em “As cegueiras do conhecimento: o erro e a ilusão” Morin destaca os erros e as ilusões no processo de transmissão das informações. Aborda os erros mentais, intelectuais e argumenta os erros da razão.  Enfatiza a racionalidade como uma forma, diga-se, mais “real”, ou melhor, mais próxima, contra o erro e a ilusão. E ainda faz a diferenciação com o termo racionalização.  Além disso, apresenta os paradigmas que controlam o conhecimento científico que podem ser ilusões, ou seja, as cegueiras paradigmáticas.

No capítulo seguinte, “Os princípios do conhecimento pertinente”, o autor mostra que o conhecimento dividido impede a percepção do todo, reforça o argumento com questões do mundo, da multidimensionalidade, do contexto e da complexidade do global. Além disso, busca estabelecer relações entre as partes e o todo, em atenção a identificação da origem dos erros e das ilusões, considerando as diferenças e os problemas sócio-culturais existentes.

O erro e a ilusão são, para Morin, os norteadores da educação do século XXI. Os vários modelos do conhecimento acabam por “cegar” o próprio conhecimento do que é ser humano. Para isso, argumenta a necessidade de introduzir na educação o estudo das características mentais e culturais dos conhecimentos humanos como preparo para enfrentar os riscos permanentes de erro e ilusão.

            Essa necessidade de promover o conhecimento existe para compreender problemas globais e assim inserir os conhecimentos parciais. Para ele, a divisão do conhecimento em disciplinas peca por não apresentar um aprendizado do contexto e toda sua complexidade.  Morin ainda argumenta a necessidade de ensinar métodos que permitem estabelecer as relações entre as partes e o todo.

Os temas apresentados por Morin promovem um debate sobre a política educacional para a educação contemporânea de modo a refletir para o futuro. Os desafios apresentados norteiam a importância da educação respeitando as particularidades de cada aspecto sócio-cultural que existe no mundo.

Todo o tipo de conhecimento de certa forma evolui com o decorrer dos anos e das experiências, mas é fato que ao mesmo tempo que prediz certezas também revela incertezas. Daí a necessidade de ensinar o aluno (leia-se o homem) a racionar, estimular a imaginação, desenvolver a criatividade e propor meios que o incentivem na busca pelo conhecimento. De modo que o prepare enquanto cidadão do mundo; que conheça o seu espaço e o do outro e, assim, participe e critique as ideologias da sociedade. É bom lembrar que, essa compreensão também diz respeito à ética e à civilidade.

O que Edgar Morin pretende é fazer com que repensemos os atuais modelos de educação e propõe o rompimento da oposição entre natureza e cultura. Propõe ainda o reaprendizado do que é a parte e o que é o todo, superando os paradoxos existentes e promovendo um desenvolvimento de forma sustentável. O reconhecimento do outro estimula o saber viver com o diverso.

Além das cegueiras do conhecimento: o erro e a ilusão e os princípios do conhecimento pertinente discutidas nos dois capítulos iniciais, Morin apresenta ainda, no restante do livro, outros cinco saberes indispensáveis para a educação do futuro: ensinar a condição humana; ensinar a identidade terrena; enfrentar as incertezas; ensinar a compreensão e a ética do gênero humano. É perceptível a preocupação do autor com os caminhos que permeiam o conhecimento. Essa postura pode estimular a promoção da educação do futuro de uma forma mais democrática.

Morin cria reflexões acerca da educação para o século XXI e faz uma revisão das práticas educacionais da atualidade, apresentando os desafios e as incertezas. De um jeito genial e simples, Morin expõe maneiras acessíveis a todos que se interessam por um futuro mais solidário marcado pela construção do saber, do conhecimento. Assim, reforça que a bagagem cultural está na leitura de mundo e no pensar sobre que ela pode proporcionar.  

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